20070830 mindelo s vicente cabo verde

Efectos da crise financeira na economía caboverdiana

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 Vista da Bah¡a de Mindelo desde Fortim; clic para aumentar
A estratégia económica neoliberal e a conjuntura ambiental criou uma improdutividade e instabilidade no sector agrícola tradicional, provocando o êxodo rural, congestionando sobretudo, as cidades da Praia e do Mindelo que não têm a capacidade de resposta em matéria de criação de postos de trabalhos e que vem aumentar seus problemas de sanidade, segurança e efeitos perversos no sector urbanístico. (Foto: Vista da Bah¡a de Mindelo desde Fortim. ©Manuel de Sousa/Wikipedia).
 

A nossa economia esta confrontada com a pior crise financeira que afecta a zona euro, onde estamos incluídos dado á cooperação cambial da convertibilidade do escudo cv em euro.

Os ganhos da economia em crescimento, enriquece um pequeno grupo elite quando a maioria da população sombra na pobreza.

A estratégia económica neoliberal e a conjuntura ambiental criou uma improdutividade e instabilidade no sector agrícola tradicional, provocando o êxodo rural, congestionando sobretudo, as cidades da Praia e do Mindelo que não têm a capacidade de resposta em matéria de criação de postos de trabalhos e que vem aumentar seus problemas de sanidade, segurança e efeitos perversos no sector urbanístico.

A asfixia das pequenas empresas e o desemprego de uma boa parte da classe media e das classes desfavorecidas; a baixa constante do poder de compra compromete todos os planos tecnicamente correctos inclusivamente os planos de luta contra a pobreza que o primeiro ministro José Maria no fim do segundo mandato, defende como uma das prioridades e meta a atingir.

O modelo neoliberal compromete pois a estabilidade de Cabo Verde, criando um sistema extremamente desigual, penalizando os pobres. O modelo aumenta a miséria para o desespero dos mais pobres com excepção de um pequeno circulo elite que beneficia quase que em exclusivo dos ganhos, levando uma vida desafogada.

O sistema económico-social não é um dos factores dos problemas de segurança da Praia em especial e mesmo do Mindelo? O sistema não está na base do crescimento de violência pela parte sobretudo dos excluídos, que são cada vez mais numerosos e mesmo de jovens sem esperança e confiança de alcançarem os benefícios dos sempre citados ganhos e progressos vindos da transformação operada em Cabo Verde desde o primeiro de janeiro do corrente saltando do grupo de Países Menos Avançados para o clube de Países de Desenvolvimento Médio, segundo a classificação do Banco Mundial?

O crescimento económico de 7% em 2007 (dados da INE), operou-se exclusivamente no sector turístico e imobiliário que aumentou cerca de 15,9% entre 2004 a 2007 incluídos (INE) a mais valia do sector vai essencialmente para o capital estrangeiro investido no sector.

O sector turístico teve ganhos que foram superiores às remessas dos emigrantes e é responsável pelo crescimento sobretudo da ilha do Sal aumentado nesta ilha, por cerca de 86% os postos de trabalhos. Mas os efeitos negativos de aumento de especulação imobiliária e subida vertiginosa de preços, tanto dos produtos básicos, como dos derivados do petróleo e das rendas incidem e tocam directamente as franjas mais pobres da população cabo-verdiana aumentando a sua marginalização em relação ao sistema económico social vigente sem poderem beneficiar também do crescimento operado no sector.

O salto qualitativo e os ganhos não atingiram ainda a maioria da população. O sector imobiliário demonstra fraqueza mesmo do tipo institucional, desentendimento entre Câmaras Municipais e o Governo central. Os investimentos são maioritariamente estrangeiros, a economia nacional não tem recursos para assumir financiamentos do turismo e imobiliária.

Fraqueza técnica e de distribuição de agua e electricidade que não estão a acompanhar o crescimento, problemas de infra-estruturas, estradas, portos e aeroportos que não são superados dado a falta de recursos locais.

A fraqueza das infra-estruturas nacionais, fazem apelo a investimentos externos que conjuntamente á remessa dos emigrantes, sustentam os custos dos projectos.

Os indicadores sociais cabo-verdianos são altos, mas não correspondem a uma economia auto sustentável, os recursos são frágeis e insuficientes, a dependência grande e esmagadora.

As ilhas cresceram economicamente e sectorialmente, a desigualdade social também subiu a pobreza é de 32%, a democratização de 1991, provocou um aumento da riqueza, a orientação económica neoliberal, agravou as diferenças sócio económicas, criando pólos de desenvolvimento centrados em Sal, Santiago, Boavista nomeadamente, em detrimento das outras ilhas, agravando fraquezas regionais de desenvolvimentos.

No contexto da actual crise financeira, subida de preços, raridades de produtos, vê-se indicadores que requerem uma reorientação económica e social e uma melhor redistribuição dos recursos e ganhos para o bem comum de toda a população das ilhas.

O sistema financeiro que prevalece no mundo não oferece apoio real aos países mais pobres e aos meios sociais desfavorecidos e cria riscos de violências. O mercado económico neoliberal está longe de resolver os problemas sociais e não resolve os interesses comuns dos cidadãos.

A abertura provocou desequilíbrios e os recursos estão nas mãos de uma pequena minoria, a maioria sombra na pobreza, e confronta-se com problemas de acesso á educação, serviços de saúde, alojamento e lazer.

A crise internacional, mostra que a utopia neoliberal está chegando ao fim, a globalização obriga os decididores e dominadores internacionais a mudarem de estratégia para enfrentarem os próximos desafios.

Todos os indicadores internacionais, apontam para baixa de crescimento, recessão e turbulências.

Cabo Verde, como pais de fracos recursos, deve pedir perdão total das dividas externas, rever a sua politica fiscal, permitindo criação de pequenas empresas e postos de trabalhos e contrariar a especulação imobiliária, criando habitações sociais e investindo nas infra-estruturas e comunicações entre todas as ilhas, investindo no sector de pesca ao largo, fazendo variar sectores de investimento, evitando concentração unicamente no sector turístico e imobiliário, criando assim melhores oportunidades sócio económicas para a população e preparando o rumo para um futuro mais harmonioso e de melhor distribuição social dos ganhos.



Crise financeira global, economia em crescimento local e aumento do desespero dos pobres
J. Valdemiro Lopes
desde São Vicente (igadi.org, 21/10/2008)

Na primeira parte, fizemos uma apresentação analise da situação real e posicionamento sócio económico de Cabo Verde relativo ao capital investidor maioritariamente estrangeiro, todo em sugerindo a diversificação dos sectores de investimentos e distribuição mais justa dos ganhos.

Agora vamos fazer compreender a crise financeira internacional e tecer mais considerações sobre o sistema vigente, a dependência e a irracionalidade do neoliberalismo económico.

Consultando os jornais, e editoriais de especialistas, chega-se à conclusão que quem conservou a sua dinâmica, é a economia da Africa!! Mas a conclusão é cínica. As Bolsas de Valores, os Jogadores, os irresponsáveis Especuladores, situam-se geograficamente noutras paragens. O efeito é instantâneo e universal, o sistema económico neoliberal é global, os sintomas são evidentes, ninguém escapou!

Os mesmos especialistas e o próprio Fundo Monetário Internacional, criticaram a falta de transparência e os riscos da “Nova Estrutura Financeira Internacional”, a acumulação monetária foi e é enorme nos EUA e os juros altos dos empréstimos a riscos, mais atractivos para investidores, gestores de fundos e bancos em busca de retornos. O mecanismo irresponsável próprio ao sistema económico neoliberal de emissão de empréstimos a riscos com juros altos permitiu especulações incontroláveis, …os “gestores especuladores” compram os títulos nas instituições que fizeram o primeiro empréstimo e fazem por sua vez, que um novo montante de dinheiro seja de novo emprestado, sempre com juros altíssimos, antes que o primeiro empréstimo seja pago.

Interessado em lucrar, um segundo operador compra por sua vez os títulos adquiridos pelo primeiro e assim sucessivamente, gerando uma cadeia de venda de títulos…

A retracção de crédito, (crise de liquidez ) opera-se quando a divida inicial não for paga, criando um ciclo vicioso de não recebimento, por parte dos compradores dos títulos, quebrando a cadeia, por falta de confiança, dos empréstimos e compras desses títulos.

Os investidores ficam preocupados com os volumes dos prejuízos. Num mundo de incerteza o dinheiro para de circular. Quem tem recursos, não empresta, quem precisa de crédito não encontra fornecedor…

A globalização financeira neoliberal, faz com que, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em activos que vão render juros para Investidores na Europa, Ásia, Africa e Austrália , fazendo com que a Crise Financeira seja universal, influenciando, negativamente, todos os cantos do globo.

Para impedir a queda do consumo e diminuição de crescimento económico e o desemprego, os bancos centrais dos países desenvolvidos injectaram milhões de dollars em recurso aos bancos investidores e comerciais, contrariando as regras básicas do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e da Organização Mundial do Comercio, que condenam o proteccionismo!! Todas essas três instituições fizeram orelha surda às intervenções do Banco Central Europeu, da Federal Reserve americano, das instituições bancárias centrais da Rússia, Japão, Austrália e da China , e mesmo da proposta intenção de nacionalização de bancos na Inglaterra, por parte do governo inglês!!

Que lições tirar dessas jogadas e golpes irresponsáveis com implicações planetária, que passam impunemente e quase com a cobertura dos moralistas, juízes, árbitros e privilegiados do sistema absurdo imposto a todos os países do mundo, citamos: o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial do Comercio, o grupo de Davos, o clube da Trilateral (mesma composição que o grupo de Davos ), os campeões de analises que decidem do destino sócio económico do mundo, a proveito de quem? Mas poderosos e fragéis a crise não é unicamente o calcanhar de Aquiles do sistema!

Esta crise põe em causa o mau sistema de orientação económica global fora de controlo, mas ditador: o modelo económico neoliberal, que põe travões ás economias emergentes e aos dos países subdesenvolvidos. Basta lembrar as imposições feitas anos atrás, ao Brasil e a crise da Argentina aqui um país inteiro com recursos, petróleo, cereal e produção de carne bovino, que esteve quase que em falência por causa de problemas de solvabilidade da divida externa; perdão queremos dizer, dos juros grandes e crescentes da divida externa!

As regras são perversas para o social no caso específico de países pobres sem recursos e fazem sempre que a maioria da população sombre eternamente na miséria, Cabo Verde não foge à regra e serve aqui como exemplo, todo em ficando dependente e sob pressão, o modelo imposto não respeita o nosso capital cultural próprio e único, um plano de desenvolvimento para um país rico, mesmo que seja tecnicamente correcto não tem nenhuma hipótese de atingir seus objectivos aqui em Cabo Verde. O modo de consumo, o social, o cultural, o ambiental e o religioso são outros. Porquê houve falhas em Tanzânia, na Rússia, problemas em Brasil e quase falência em Argentina, quando se vê e se assiste a progressos de desenvolvimentos e bem estar, nos países ricos que querem impor os seus modelos, técnicas, estilos e regras, ao planeta: os EUA a Comunidade Económica Europeia e o Japão!

Se se pensar que a maioria da população mundial, mais de dois terços da humanidade, é pobre e vive com menos de dois a três dollars por dia, essa mesma maioria poderia se o sistema fosse sério e útil, passar e evoluir para o grupo de maioria consumidora e mesmo patronal. Absurdo e impossível, como imaginar um futuro onde todos os indianos passariam a ter um carro e uma casa cada um ? A India tem uma população activa, que representa quase dois terços da população mundial em idade de trabalho!!

O neoliberalismo económico opõe subnutrição a obesidade, abundância a carência, riqueza a pobreza!

Não duvidamos que o crescimento económico é a melhor maneira de solucionar os problemas sociais e a pobreza criando empregos e ganhos que deveriam ser repartidos mais equitativamente, mas a realidade está clara só não vê quem não quer, em Cabo Verde o modelo neoliberal polarizou a sociedade: há um pequeno grupo elite minoritário que vive na abundância e a maioria da população que sombra na pobreza.

A utopia do sistema chegou ao fim, agora está-se a reclamar a instauração de um outro sistema financeiro internacional, será para salvar também os mais frágeis! Temos o direito de duvidar, o sistema financeiro global, não favorece nem apoia realmente os países subdesenvolvidos e ainda menos as classes sociais mais desfavorecidas. Os dominadores estão procurando soluções para a sua própria sobrevivência.

Os indicadores económicos globais indicam e apontam para baixa de crescimento, recessão e turbulências. Cabo Verde deve exigir, neste momento, como país de fracos e frágeis recursos o perdão total da divida externa.

O mercado nacional de negócios é incompetente para resolver o interesse comum dos cidadãos, e defende exclusivamente interesses privados. Os recursos e as oportunidades estão nas mãos de e são para os privilegiados.

A politica governamental impõe sacrifícios quase ilimitados á população, exemplo evidente, a proposta de passar a responsabilidade dos custos da iluminação pública, que deveria ser assumida pelas Câmaras Municipais, baixando a mão nos bolsos da população que apesar das dificuldades, passará a ter mais uma responsabilidade económica, indevidamente atribuída e insuportável. Nos custos os mais pobres não têm opção, são obrigados a participarem, na partilha dos benefícios eles são simplesmente ignorados chamamos a isso marginalização económica e social forçada. Esta proposta é mais um agravante na situação precária e difícil da população cabo-verdiana.

A pobreza e a marginalização é o nosso principal motivo de indignação. Ela está na base do novo fenómeno na sociedade cabo-verdiana que é a violência e que contraria a filosofia do bom saber viver cabo-verdiano, “… a simplicidade de uma existência pacífica…”, que era citada por todos em todos os lados.

Mas o bom senso faz que esta crise de desigualdade e injustiça sócio económico suportada pela maioria não se transforme em ódio, para podermos viver juntos e pacificamente, mas com esperança numa justiça de uma partilha mais justa dos ganhos.

As previsões de crescimentos económicos dos especialistas dos países desenvolvidos, são pessimistas. A economia cabo-verdiana é dependente em grande parte dos factores de riscos internacionais. O governo cabo-verdiano deveria rever a sua politica fiscal, que asfixia as pequenas empresas, para incitar criação de empregos, criar habitações sociais para contrabalançar a especulação imobiliária, investir na pesca ao largo, diversificar os sectores de investimentos, activar projectos de infra estruturas, portos, aeroportos, estradas e comunicações em todas as ilhas, criar planos viáveis de integração de jovens no mercado de trabalho e praticar uma politica de melhor partilha dos benefícios para contrariar as fraquezas regionais de desenvolvimento e eliminar a pobreza para o bem estar de todos os cabo-verdianos.