Em 2020, Cabo Verde gerou cerca de 147,96 milhões de euros no sector do turismo. O que corresponde a 9,0% do produto interno bruto e cerca de 16% de todas as receitas do turismo internacional na África Ocidental, por incrível que parecer…
No mesmo período de tempo e em termos absoluto, este arquipélago, estava classificado na tabela mundial no ranking 160º. Mas especulando acreditamos que devido a algumas falhas no acesso a estatísticas e outros dados, pode-se considerar que os países pequenos e insulares, são consistentemente classificados muito mais abaixo comparativamente aos números absolutos de visitantes recebidos… Mas se relacionarmos (prudentemente) o número de turistas com o número de habitantes residentes nestas dez ilhas, obtemos um quadro (com mais ou menos falhas) de 0,32 turistas por habitante, forçando Cabo Verde, a ocupar legitimamente o lugar 75º no mundo e 1º lugar na África Ocidental, á frente da Gambia …!! Tomamos em consideração o ano atípico de 2020, ano em que no mundo inteiro, o volume de negócios gerado pelo turismo, entrou em colapso devido à pandemia de “Covid -19” e lembrando-se que em 2019 alcançamos 506,48 milhões de euros (2019), com a industria turística e a soma de 147,96 milhões de euros, arrecadados, em 2020 representou uma grande queda ou baixa de 71%...
Apesar do resultado fraco obtido em 2020, mesmo assim, o parágrafo anterior confirma sem sombras de duvidas que Cabo Verde, pequeno país em desenvolvimento deve investir, mais, mesmo muito mais, nas suas duas áreas preferenciais a saber: Cultura – Turismo & Pesca ao largo !!
Não podemos subestimar essas duas áreas, somos país nação vítima de secas cíclicas, e apenas 10% das nossas terras, em todo o território de 4.033 km2 das dez ilhas são aráveis, e sabemos que a agricultura dificilmente poderia constituir um grande eixo de crescimento e condicionamento, importamos, pelo menos, 90% das nossas necessidades alimentares. O sector agro-pecuário é ainda embrionário. As culturas de milho, mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, feijão e banana são infelizmente, dependentes á inerente fragilidade geográfica e climática deste arquipélago da atlântico médio com mais tempo de seca que de chuvas.
Também como industrias extractivas a nossa atenção vira-se exponencialmente para a exploração do sal e da pozolana, se podemos chama-los de “industria-extractiva” num pais ilhas, sem recursos minérios no seu solo …
Atenção não estamos a ignorar as oportunidades e mais valia que o nosso meio ambiente marítimo nos oferece para que a nossa indústria pesqueira “ainda por desenvolver” para a Pesca ao largo, nem o problema ainda residual da “pesca estrangeira”, nas nossas águas, quando fontes fiáveis consideram que apenas 10% das capturas efectuadas por pesqueiros internacionais, na nossa Zona Marítima Económica Exclusiva, são declaradas ás autoridades, em violação do direito internacional…Tudo isso sem mencionarmos números sobre os resultados “fracassantes” dos acordos de pesca assinados, com a União Europeia que efectuamos. Aqui, na área, boa notícia é a aproximação ultimamente firmada Cabo Verde com Marrocos, país do norte da África com experiencia na área da pesca e porque não beber aí dessa experiencia de vários e frutíferos anos …!!
A importância da diáspora também não pode ser subestimada e tem e teve sempre papel preponderante, senão fundamental para a economia do país: as suas remessas de divisas ultrapassaram ultimamente as outras receitas e tem seus efeitos no equilíbrio da balança de pagamentos…, o problema residual consagra-se na enorme dívida soberana cabo-verdiana que excedeu os limites desejáveis há mais de 20 anos!
Embora suas desvantagens geográficas, Cabo Verde é hoje um exemplo de desenvolvimento para África. O crescimento médio do PIB em 2019 alcançou o valor 5%. E a inflação estava sob controle, resultados de alto valor para a África Ocidental Subsariana… A pandemia “Covid -19”, quebrou tudo ou quase tudo, a instabilidade climática, a crise da guerra na Ucrânia, a crise energética e política internacional com implicação no acesso a cereais e custo em alta de derivados do petróleo ,atacaram violentamente a pequena e dependente economia cabo-verdiana …
O “PEDS’2022/2026”, (plano estratégico de desenvolvimento), apresentado em 10 de Outubro de 2022, pelo governo, destas dez ilhas do atlantico médio tem de estar assente na operacionalização da Diversificação da Oferta Turistica Cabo-Verdiana (minha opinião e leitura) e pretende-se estabelecer um quadro alargado do consenso sobre as opções do país, cujo motor económico é o Turismo. Sobre a Cultura, sabemos que a originalidade cabo-verdiana nunca se expressa melhor do que numa literatura popular muito viva e das manifestações populares autenticamente crioulas e cabo-verdianas, como exemplo: a nostálgica Morna a Tabanka, o Funana, o Batuku o Kolasanjon a Koladeira e muitas outras manifestações populares exercidasd e celebradas em todas as 9 ilhas habitadas...
Realizou-se entre 28 e 30 de Setembro de 2020, no México, uma conferência internacional multilateral que, apesar de passar quase despercebida entre as notícias na prensa local, sobre outros eventos políticos globais, pensamos que é de maior importância para Cabo Verde e foi convocada conjuntamente pela UNESCO (que reconhece dois produtos cabo-verdianos como Patrimonios da Humanidade ”CIDADE VELHA & MORNA”) e pelo Estado Latino-Americano,(México), refero-me ao evento-conferencia denominado: Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável...
“MONDIACULT 2022 “ foi a maior conferência global no campo da cultura dos últimos quarenta anos e conseguiu reunir na Cidade do México as delegações de 150 Estados, 135 deles chefiados por seus respectivos Ministros da Cultura, com o objectivo de fortalecer a Cooperação Internacional diante dos actuais e complexos desafios da cultura, da diversidade de suas expressões e das sociedades multiculturais contemporâneas...
Ponto importante foi a declaração da Cultura, como "um bem público global com um valor intrínseco para facilitar e promover o desenvolvimento sustentável", que, como tal, deve ser incluído como um objetivo específico por direito próprio na próxima agenda de desenvolvimento além da Agenda 2030 da ONU. Ao declarar cultura como um bem público global, os Estados o colocam ao lado da Saúde, da Paz, da Informação, do Meio Ambiente ou da Ciência, como um bem que se presta a e beneficia toda a sociedade e que nenhum Estado pode prover adequadamente para si mesmo e que diz respeito ao bem-estar da Humanidade como um todo...Com essa qualificação, a Declaração desenvolve e afirma a noção de que a Diversidade Cultural constitui um patrimônio comum da humanidade que deve ser salvaguardado em benefício das gerações actuais e futuras...