Batuku

A língua materna na comunicação transcultural em Cabo Verde

Cabo Verde, todas estas dez maravilhosas ilhas do atlântico médio, esta nação inteira, tem “Alma Grandi”, derivado duma autenticidade cultural universal. Sim a nossa cultura é a grande força motriz da resiliência cabo-verdiana, e impôs-se naturalmente protegendo-nos no existencialismo da nossa sobrevivência contra fome, crises sanitárias diversas, tais como Covid -19, Dengue, Paludismo e sobretudo, o Colonialismo e mais “pragas”…
Liñas de investigación Observatório Galego da Lusofonia
Apartados xeográficos África

A Cultura aqui se confunde com a História e devido á sua grande importância simbólica para a identidade colectiva, não podemos aceitar nem deixar-se enrolar na onda de destruição deliberada de locais ou monumentos culturais que quer queiramos ou não fazem parte de nós mesmos como Nação Global e não saberemos apagar a história com actos e decisões primários “naïfs”  (ingénuos) Agindo doutro modo estaríamos simplesmente a ressuscitar praticas levianas e incoerentes coloniais que negava manifestações, actividades e direitos culturais populares desprezando, por exemplo a festa da TABANCA, tentando, em vão provocar uma “limpeza cultural”, não sabendo eu se o propósito não era senão, efectuar ou introduzir estratégia de limpeza étnica… gerando conflitos de identidade…

A “CLARIDADE”, revista que evidencia, o nascimento da “literatura moderna” em Cabo Verde inaugurou com firmeza a transcendência autóctone da homogeneidade socioétnica e cultural do povo das ilhas emergindo uma literatura autêntica universal cabo-verdiana. Os autores “CLARIDOSOS” , souberam descrever, nos anos 30 do século passado, uma visão socialmente real da autenticidade, e do universalismo, da alma crioula como nação…

Verificamos, (e há vários testemunhos e exemplos), que a destruição do património cultural, tornou-se uma estratégia de guerra, aplicada por actores violentos, para realizar seus objectivos políticos. Para a instituição das Nações Unidas, a UNESCO, “… A protecção do património e da diversidade cultural é essencial, não apenas para mitigar a vulnerabilidade, mas também para quebrar um ciclo de violência em que os ataques á cultura ajudam a promover ainda mais o ódio, sectarismo e fragmentação da sociedade, alimentando instabilidade e conflito contínuos … ”

Assumimos, em Cabo Verde, desde a noite dos séculos a nossa “crioulidade”, através do seu veículo de comunicação, por excelência que é a nossa “Língua Materna” e pessoalmente acredito e verifico (não sou especialista da área) que somos possuidores de uma e única língua, falada no quotidiano das nossas vidas em todas as ilhas deste arquipélago, enriquecida naturalmente pelas variantes locais estruturantes, originadas por fenómenos vários sócio culturais e talvez económicos.

Qualquer cabo-verdiano falando na sua própria variante sócio cultural, é compreendido por qualquer outro cidadão de uma ilha qualquer diferente e o discurso pode ser completado sem acesso a qualquer língua exterior, mormente o português que serviu sempre como base de comunicação oficial e obrigatória.

Comunicamos todos entre nós sem se restringir a uma suposta dualidade textual entre um idioma de origem e um idioma de destino. O Crioulo como língua é universal, comunicamo-nos todos e perfeitamente em linguagem oral, a escrita foi e é ainda dificultada dado que foi-nos renegado o suporte escolar mas a formalização efectuou-se intensamente através da música em toda a sua diversidade nem vale a pena imaginar Batuco, Tabanca, Morna cujas forças de comunicações atinge o máximo quando manifestados na língua que os viu nascer e sabemos todos que Batuco Tabanka e Finason são mais resilientes e talvez inadaptáveis a outras línguas e penso que esta conclusão é tudo menos etno-centrista.

A nossa Língua, como meio de comunicação, tem sem pejorativo, uma acção social forte e parte dessa acção, é a sua própria recepção intencional como um produto da nossa própria indústria cultural, visível na música, teatro, histórias, contos, poemas e poesias …etc., e atinge as esferas económicas, politicas, sociais, participando como melhor ferramenta de comunicação nestas ilhas.

O seu papel transcultural é relevante na média por causa da natureza globalizante da informação e da própria imprensa, pois elas moldam a visão e a compreensão dos factos tanto cabo-verdiano como do mundo… Quero com isso dizer que o “Crioulo”, a língua materna destas ilhas nação, nos coloca no mundo inteiro e ultrapassa as nossas fronteiras e transforma-se no factor chave da sociedade cabo-verdiana. Qualquer estrangeiro que aprendeu o português, para poder comunicar aqui em Cabo Verde, fica mais bem integrado quando passa a falar o crioulo, esquecendo o português que no dia-a-dia não lhe é indispensável…

Num mundo cada vez mais globalizado, onde as relações internacionais fazem parte de nossa vida quotidiana e, apesar da preponderância do inglês como língua franca, de negócios e da ciência, a nossa língua materna embora, a pequenez do seu impacto na rede global, está também no centro do funcionamento da Cultura e da Economia mundial. “Cesária Évora e Bana” dois artistas cabo-verdianos provou-nos isso com o tema música “Sodadi” e a mundialmente conhecida rainha da música pop “Madonna”, levou também ao mundo, recentemente a “Língua Materna Cabo-Verdiana” com a sua tournée universal, “Batuka” que outro não é senão, a apresentação do tema cultural musical cabo-verdiano o “BATUKU” que é expressado exclusivamente na língua materna destas ilhas crioulas…!!

O sucesso das negociações económicas, culturais e políticas depende também da qualidade da comunicação intercultural que oferecemos aos nossos parceiros, visitantes e mais outros quaisquer outros interlocutores, na nossa língua autóctone… A nossa linguagem é rica e intensa e interage com sonorizações guturais como a forma peculiar de afirmar ou negar com dois sons diferentes (não consigo escreve-los), são fórmulas culturais diferentes de comunicação que nas culturas diferentes, não coincidem, mas são: actos de fala, palavras sobrepostas ou silêncios que não têm o mesmo valor em Cabo Verde, Espanha ou Brasil…

Quando negociamos produtos típicos haverá sempre necessidade de mediadores, para favorecer a interpretação ou tradução tanto na fase de negociação como publicitária de um produto típico, porque favorece e muito a internacionalização das empresas… como traduzir correctamente, “Grogo” (que não é Rum e não é água) e “Batuku”, como “Sodadi”, em outras línguas …!!