Imaxe propia do estudo Bases para un Plan Brasil

Relações Brasil e Galiza, a nova ponte atlântica – Parte I

Entre Brasil e Galiza existe um forte vínculo emocional e histórico, muitas vezes representados pela diáspora galega e seus descendentes e mais recentemente pelo fluxo de brasileiros que emigraram para Europa buscando melhores condições de vida ou simplesmente recuperando antigos laços familiares.   
Apartados xeográficos Ação estrangeira da Galiza
Idiomas Portugués

Entre Brasil e Galiza existe um forte vínculo emocional e histórico, muitas vezes representados pela diáspora galega e seus descendentes e mais recentemente pelo fluxo de brasileiros que emigraram para Europa buscando melhores condições de vida ou simplesmente recuperando antigos laços familiares.   

Sem embargo, se aprofundarmos mais na história veremos que a Galiza, assim como Portugal, formaram os alicerces e as bases culturais e linguísticas de origem europeia no Brasil.  Certo é que existem muitas discussões em relação a tutela do idioma e se o mesmo é uma evolução do galaico ou do português lusitano e assim como em uma peleja familiar, alguns advogam por um lado, onde impera a historiografia portuguesa, e por outros pelo papel renegado de Galiza na história do Brasil e da lusofonia. 

Talvez sejamos incapazes de entender de fato quem é quem nessa história, uma vez que ambas as regiões já formaram o Reino Suevo de Gallaecia, assim como houve vários momentos históricos de união e cisão entre Portugal e Espanha, além do mais é normal que os primeiros estados modernos sejam aqueles que apresentem maior inconformidades em sua formação. 

O Brasil não ficou isento de parte dessa história, o país esteve anexado brevemente ao reinado de Felipe II da Espanha e parte de seu território pertencera ao reino de Castela durante um longo período da chamada Era Colonial, que durou desde o Tratado de Tordesilhas (1494) ao Tratado de Madri (1750), de modo que o Brasil é historicamente fruto dessas contendas e dessas divisões.

Podíamos estar anos discutindo essa questão, porém uma coisa está clara, existe uma relação histórica na formação do nosso idioma com a Galiza e a mesma se manteve ao longo dos anos apesar das diferentes narrativas… nem mesmo o nome da região é fruto de um consenso, embora em português seja chamada de Galiza (assim como em partes da comunidade autônoma) em outras predominam o nome castelhanizado Galicia, mas se algo aprendemos dos portugueses é que uma pessoa ou coisa pode ter vários nomes…

Ainda assim, sempre digo que – Portugal é o pai do Brasil e Galiza nossa avó – e dessa forma evito divisões infrutíferas, ao final todo brasileiro que chega na região, assim como a criança que vai visitar sua avó, reconhece uma porção de coisas, histórias, palavras e costumes. Temos mais elementos que nos une do que discussões que nos separam e dividem, de modo que acolhemos Galiza em nossa história, como ela acolhe aqueles que a conhece. 

Esse sentimento de inclusão é o que levou a aprovação em Galiza da chamada Lei Valentin Paz Andrade, uma iniciativa popular que foi votada no parlamento galego em 2014 e que visa a aproximação de Galiza à lusofonia, uma comunidade de mais de 250 milhões de habitantes em todo o planeta onde o Brasil joga um papel fundamental.

O maior sucesso dessa lei até o momento é oficializar o papel de Galiza como um ator dentro da lusofonia e não como um mero espectador, além de popularizar uma questão que sempre se manteve reservada a um grupo de acadêmicos, defensores e detratores do chamado reitegracionismo de do binormativismo. Motivados pelas sinergias e não pelas divisões que suscita o tema, além do conseguir convencer ao governo central de Madri a inserir a Espanha como membro observador da CPLP – Comissão de Países de Língua Portuguesa.

Nesse contexto o Brasil surge como um conciliador, pois o mesmo não é impelido por divisões historiográficas nem paixões nacionalistas, mas pelo reflexo da coexistência de um sem-fim de elementos que juntos moldam uma realidade social e cultural diversificada e multiétnica.

Por esse motivo a relação entre o Brasil e a Galiza deve ser vista de forma multidimensional, indo além dos ciclos migratórios de galegos que foram ao Brasil no século XX e de brasileiros que chegam a Galiza.

O Brasil é um dos países estratégicos da ação internacional da Xunta de Galicia, porém essa ação não deve se centralizar somente nos 30 mil galegos e descendentes que residem no país, mas ir além, gerando uma nova ponte atlântica com reflexos em toda a lusofonia.

Recentemente o governo de Galiza, solicitou ao IGADI – Instituto Galego de Análise e Documentação Internacional, um estudo das relações entre o Brasil e a região, o estudo elaborado por este servidor que aqui vos escreve e por Daniel Palau foi dividido em 3 partes, a primeira referente a diáspora galega, outra ao setor econômico e uma terceira destinada a cultura e turismo. Embora o estudo seja para uso interno da Xunta o mesmo servirá de base para uma reaproximação e nova etapa nas relações, um novo caminho que já começou a ser construído pela criação do caminho de Santiago no Brasil e que passa por Portugal rumo a capital galega, um primeiro tijolo para a construção de uma nova ponte capaz de unir brasileiros, portugueses e galegos.